sábado, 25 de julho de 2009

Análise do poema "Autopsicografia"


Eu e minha amiga Cássia fizemos essa análise, e a professora gostou bastante.


Análise poética do poema “Autopsicografia”
de Fernando Pessoa


O poema “Autopsicografia”, extraído do livro Cancioneiro de Fernando Pessoa, é dividido em três quadras em que correspondem, respectivamente, à introdução, desenvolvimento e conclusão do assunto. Feitos em redondilha maior, com linguagem simples, mas cheias de significados.
Neste poema podemos encontrar algumas características pessoanas, tais como, a obsessão de análise, em que o eu-lírico explica detalhadamente o processo de criação poética; a solidão interior, pois o poeta finge uma dor que não sentiu; e a dor de pensar, porque para chegar a um sentimento ele tem que sentir uma dor que não é sua.
O poema apresenta rimas alternadas, na primeira estrofe elas são ricas (fingidor/ dor), na segunda e terceira estrofe elas são pobres (escreve/ teve) e (roda/ corda). Há também o uso de metáforas no primeiro verso da primeira estrofe “O poeta é um fingidor” e no final do poema “comboio de corda”; e há perífrase no primeiro verso da segunda estrofe “Os que lêem o que escreve” em vez de “os leitores”.
O ponto de partida para a criação poética se encontra na primeira estrofe, nela o eu-lírico sintetiza o pensamento implícito no conjunto do poema. O eu-lírico explica como o poeta produz a poesia, partindo primeiramente de uma dor inicial, realmente sentida pelo poeta, depois ele procura representar essa dor de forma exagerada, partindo para o plano imaginário e por fim materializando-a na poesia. Percebemos o paradoxo existente entre a dor sentida pelo poeta e a dor fingida na poesia.
Na segunda estrofe o eu-lírico descreve que os leitores não terão acesso a dor relatada no poema (dor fingida) e nem a dor sentida pelo poeta (dor real). Esta ficou na esfera dos sentidos e aquela pertence à esfera do espírito, ou seja, é a dor representada e imaginada pelo poeta na poesia. Portanto os leitores não terão acesso a nenhuma das dores, mas sim a representação de uma dor intelectualizada.
O eu-lírico conclui o poema dizendo que a poesia entretém a razão por meio do coração. As calhas de roda simbolizam a razão que é fixa, e o coração é representado metaforicamente pelo “comboio de corda”, pois carrega todos os sentimentos, mas sempre precisa de mais corda, isto é, algum sentimento que lhe faça pulsar o peito. E assim como o poeta o coração também é um fingidor, porque tenta enganar a razão.
Concluímos que o título do poema é o próprio poeta querendo nos explicar o processo psíquico que nele se passa ao elaborar um texto poético.

4 comentários:

  1. Muito boa a análise. Parabéns. Gostei muito do seu blog. As poesias são suas mesmo??

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  2. Querida Melina, obrigado pela sua beleza e pelo seu talento. Apenas um senão: No verdadeiro AMOR não há egoísmo não há arratamento seja para onde for amar é viver o momento presente é dar e dar muito,.. muito. Amar desperta o melhor que há em nós, faz baixar as defesas, por isso as pessoas têm medo e porisso intelectualizam . Beijos, Por favor responda

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  3. Querido Anônimo/a (pena que não deixou o nome rs)

    Acredito que o amor é algo que não se escolhe, é algo que não dá para medir, é algo grande, que no meu caso ultrapassa o peito e precisa de mais corda sempre rsrs. O amor se renova sozinho, esquecemos alguém, sentimos muito, sofremos muito quando o amor não é correspondido, mas "logo" em seguida está pronto para um novo amor. E assim vai, até um dia achar que encontrou alguém perfeito... Um dia começa tudo de novo, nem que seja pela mesma pessoa.
    Eu não tenho medo do amor, mas ele me apavora rsrs, mas vivo ele pois sei do meu tempo que é curto, ou vivo ele ou vou viver com vontade de viver ele, rsrs.
    Não posso te responder com "certeza" (pois com certeza seria razão rs) o que seria o amor para mim, pois eu me dou o direito de mudar o amor, seja a forma de amar, seja o sentimento.
    Acredito que ele vive mesmo é de mutações, pois por cada pessoa o amor é diferente, mas é amor.

    Ah amor...

    ...é complicado, enrolado, difícil, espinhento ...é uma rosa... Sou eu...

    Bjus da Mel

    (te respondi??) rs

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