Passei a vida tendo vergonha.
Passei? Passo! Passarei…
Não me diga que você não sabia
Que a minha alma era de mentira.
Não sei o que é pior
Ficar só ou olhar ao redor.
Os seus olhos de encontro ao meu
Colocam um medo maior que eu.
Então eu percebo que o meu medo
É só a transfiguração
Da minha imagem na sua visão.
Eu não quero ser refletida
Nas visões da vida.
Quero ser uma só
Para poder viver sem nó.
Mas isso não é permitido
Pois contra os olhos doentios eu não tenho feitiço.
E quem me olha quer ver
Aquilo que ele escolher.
Eu não sou o que você vê,
Sou a sua fobia
Que de tanto perturbar
Criou vida.
E é isso que me causa agonia
Ter que conviver com a sua visão doentia.
(Melina Murano)
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