terça-feira, 21 de fevereiro de 2012

beija-flor - haicai


A flor entorpece
O beija-flor que a beija
Com muito amor.

-Melina Murano-

terça-feira, 14 de fevereiro de 2012

Ando sem inspiração



Ando sem inspiração
Quero-a, ma sela não vem.
Penso nas noites de Lua Cheia
Aonde ela vem e me leva para
As estrelas.

Pareço um soldado sozinho
Na guerra, atirando
Para todos os lados
Sem inimigo para brigar.

Quero uma guerra de sentimentos
Algo que me atire para dentro.
Sou eu brigando comigo
Sou eu falando mal de mim
Sou eu para sempre
Nesse mar de desentendimento
Que se chama: poesia sem definição certa.

-Melina Murano-

Andei perdida...



Eu andei perdida.

Perdida em mim mesma,

Tentei me achar e me perdi.

Quando me perdi me achei.

Foi presa no paraíso da perdição

A triste descoberta sobre mim.

Sofri, pois nunca agi assim,

Queria a liberdade

Encontrei a prisão.

Fui querer ser livre

E terminei presa em mim.

A liberdade que ganhei

Foi viver eternamente presa.


-Melina Murano-

terça-feira, 7 de fevereiro de 2012

Lembranças


Morrem pensamentos loucos
Nessa madrugada que vem e vai
E me deixa para trás.
Sozinha na melancolia
Da verdade assombrada
A madrugada vem e chora,
A madrugada vem e mora.
Vem e me arrasta
Para o inferno de pensamentos.
Remotas lembranças que sofrem
Por não existirem mais.
Não entendem que já passaram.
Mas na noite quente
Eu peço um silêncio ardente,
E vou seguindo as horas
Sem pensar na demora.
Quero lembranças que me dêem vida
Que me façam chorar de alegria.

Melina Murano

domingo, 5 de fevereiro de 2012

A RUA DO SEPULCRO AO LEMBRAR A CANÇÃO - duetos * Jonas Caeiro & **Melina Murano

 A RUA DO SEPULCRO AO LEMBRAR A CANÇÃO - duetos
* Jonas Caeiro & **Melina Murano

*
Não quero tantos esquecidos ares,
Nesta magia em encanto vagaroso,
Na folhagem rasgada em viagem,
Em todas as visões de atritos.

Quando a sombra desta porta escura,
Ilumina em cores pretas e brancas,
Desmaiadas no crescimento de os tiros,
Neste extremo, nesta nebulosa,
Nessa data na luz fluida.

Suas asas mergulhadas,
Na rua do sepulcro ao lembrar a canção,
Levando paz dos céus letíferos,
Cavando tanta agonia no chão.

Tanta petição em mãos escritas,
Deste poema tão dramático e lírico,
Do poeta que sou em critico,
Fantasiando na macha pálida.

Escuta: o sino grita na voz,
De sinos em grilhões,
Na corrida de carrinhos,
No consolo dos sons.

Tanto é o medo do abismo,
Em pavoroso alarme faltante,
Deste tímido, deste surdo fogo,
Em contemplar da lança azul.

Diz o poeta do canto,
O dever do rancor,
Da estrela em pingos,
Nas mãos dos trovadores natos.

Não foi destino, não foi fingido,
Neste dia, calado.
Não levou a esse sepulcro,
No licenciar do odor das rosas.

Teu sepulcro... Tua rua...
Que amarguras aptidão da canção.
Tua pérola... Teu brindar...
Que rasga a luz da noite.
(JONAS CAEIRO)


** Anjo da rua

Sou anjo da noite
Anjo negro do açoite.
Venho com bruma
E te carrego em plumas
Das minhas asas de lágrimas.

Vago por essa rua
Que  aprisiona a morte crua.
O sangue dos seus olhos
Me pediram, na hora do óbito,
Que te levasse para céu.

Moro na dor
Nessa rua de rancor.
Guardo os segredos
De assassinos violentos.

As luzes dos postes
Refletem o escuro
Que moram nos lares
Que habitam há sete palmos.

Voo por essa triste entrada
Que traz tanta desgraça.
Passarei a eternidade
A sentir saudade
Da vida que hoje é só ida…

Sou anjo da noite
Moro nessa rua
Desse cemitério
Dessa lua escura
Desse adeus sem ternura.

(MELINA MURANO)

Agradecimento ao Poeta Jonas Caeiro
amigo do "Recanto das Letras",
pela celebridade desta parceria neste dueto.


Melina Murano e Jonas Caeiro
 
 

quarta-feira, 1 de fevereiro de 2012

Prioridades Póstumas


Sugou-me a alma
Era um pedido
Simples e decaído
Que na noite clara
Transformou-se em desgraça.

Sorria e me pedia
O amor que partia.
Sorria e me pedia
A saudade que doía.
Sorria e me pedia
A alegria que sumia.

E sorrindo emudeceu
O tempo não mais floresceu
Foi-se com os sentidos
Dormiu linda e sozinha
Na tarde vazia.

E todos disseram:
Pobre moça
Sonhou demais
Esqueceu de viver.

-Melina Murano-