ILHAS

Viajando em meu barco de papel
Eu avistei terras desconhecidas.
Pessoas moravam em ilhas
As ilhas moravam no mar.

Sozinhas, em um pequeno espaço,
Pessoas brigavam por um pedaço de areia.
Separadas pela imensidão do mar
As ondas destruíam as ilhas.
Pessoas boiavam pelo mar desconhecido.
Cada ilha um mundo
Cada mundo uma pessoa,
Só uma.

Pessoas sonhavam em aumentar as ilhas.
Pessoas sonhavam em ficar cada vez mais distante.
As ilhas eram verdadeiros castelos de areia.
Pessoas sonhavam em ter mais areia.

Entrei em um lapso nervoso
E percebi que estava em um sonho.
Acordei contente
Abri a janela e de repente…
Vi que estava no meio do mar.

(Melina Murano)

Reflexos na rua

Nessa rua molhada,

Em plena madrugada,

Espelha a face inacabada.

Reflete luzes distantes

No asfalto iluminado,

Vejo você nos relevos

Desse imenso futuro

Sem destino certo.

Conforme vou andando

Você vai deformando

O meu caminho e

Se apossando da minha vida.

E eu vou seguindo você

Nesses reflexos da rua

Onde os pingos de chuva

Formam uma nova imagem,

Imagem da minha vida sem forma,

Da minha vida sem volta.

E no reflexo da poça d’água,

Em meio ao asfalto molhado,

Vejo você me dizendo: adeus.

(Melina Murano)

Mar

A onda do mar

A espuma a soltar;

Beijos na areia.

-Melina Murano-

frase da minha vida

Não tenho tempo para os choros da vida, meu coração despedaça em poesia.

(Melina Murano)

Só um segundo, por favor

Um segundo para a vida

Um segundo para o amor

Um segundo para a felicidade

Um segundo para a bondade.

Não te peço muito,

Apenas um segundo.

Respire fundo,

Isso está dentro de você.

Pode ser um segundo que durarão

Toda a vida em seu coração.

Me dê um segundo para te levar

E nas nuvens irá morar.

E é preciso apenas um segundo

Para tudo acabar

E  a morte irá chegar

E nada disso mais vai durar.

Então deixe o segundo da paz

Dominar o seu coração

E levá-lo até o amigo, então,

Vai flutuar eternamente

Nas asas da paixão.

- Melina Murano -

Espelho inverso

Surpreendentemente a vida fez-se retrato

E o meu retrato já não era mais meu.

A criança que em mim mora

Tornou-se uma velha torta,

Toda vez que me olho no espelho.

E aquela velha ri

Das coisas que perdi

E debocha da minha vida

Dizendo que tudo não passa de melancolia

E os meus sonhos viraram anomalias

E grita da mentira que vivo

E me diz que nada disso faz sentido

Pois como pode alguém se aprisionar

Dentro da própria F-E-L-I-C-I-D-A-D-E.

Feitiços

Estranhos

Libertam

Incógnitas

Criaturas

Ignoradas.

Divindades

Amordaçadas

Dizem:

Esperança.

-Melina Murano- 

Borboletas

Asas coloridas

Voam no jardim florido

Encantam meus olhos.

(Melina Murano)