domingo, 30 de outubro de 2011

A verdade da vida



Se a vida fosse justa,
Não seria vida,
Seria uma novela.

A verdade, injusta,  
Da vida   é uma só:  
Eu não me preocupo com seus problemas,
Embora exista o mínimo de bondade em meu coração,
Você não se preocupa com meus problemas,
Embora haja pessoas realmente boas.

Estou preocupado comigo
E com aquilo que o meu coração,
Meramente egoísta, deseja.
 O meu desejo é a sua destruição
a minha destruição é o seu desejo
E assim vivemos,  
Encapuzados com o medo.
Medo de alguém descobrir 
Essa alma podre que vaga em mim
E em você também.

Medo de você me querer tão mal
Quanto eu quero você.
 Mas você deseja o mesmo
E disfarça fingindo que é supremo
E não sente nada disso
Só porque é feio.

- A serpente da noite é mais sincera que eu ou você.

(Melina Murano)

quinta-feira, 27 de outubro de 2011

Sonhei


Na noite amarga que caía
Sonhei,
Que procurava
E  não encontrava.
Não sabia o que procurava.
Eu não achava.

Saí  em busca,
Do  que tinha esquecido,
Corri para pegar.
Mas ele escapava
E me enganava.

O que era?
Eu não sei!
Mas era para ser meu.

 Não achei o que buscava,
Não lembrei do que era.
Mas quando acordei
Percebi que procurava 
O meu sonho.
-Melina Murano-

segunda-feira, 24 de outubro de 2011

Recomeçar


A vida depende
De constantes
Recomeços.
Aquele dia nublado
E feio
Começou com o pé
Esquerdo
E terminou sozinho,
Apenas você
E o frio.
O vazio do
Silêncio diz:
Que na vida
Você é o seu
Melhor
Companheiro.
Estamos juntos
Mas só até você
Cair.
E logo estará
Sozinho.
E se acostume no
Abismo da
Solidão.
Não sairá de lá tão
Cedo.
Mas mesmo
Que a noite
Seja longa e
Dura
O amanhã
Chega.
O sol não nasce de
Imediato.
Esteja preparado
Para o recomeço
Com o céu
Nublado.
A melhor 
Lição de 
 Vida
Está na garoa 
Fria.
São elas
Que te dizem
O quanto
Você é
Forte,
Que você vai
Além
Do proposto.
O seu olhar
Agora
É mais forte
Suas palavras tem
Poder
De cura.
Então cure
Você mesmo.
Seja forte
E siga
Em frente
Mesmo que o
Mundo
Diga que você
Não pode.

(Melina Murano)

quinta-feira, 20 de outubro de 2011

Flor da noite



Foi  a flor da noite
Que contou do seu amor por mim
Foi na madrugada fria que você surgiu assim:
Tão bela, tão moça, e pôs-se a suspirar no meu jardim.

O seu cheiro me disse,
A sua cor me agride,
Os seus olhos vieram…
As suas mãos me sufocam
Os seus lábios sussurram…

Vem para a felicidade
Da forma mais sublime
E me deixa no puro desejo
De amor sem fim
E o seu mel é mero doce do céu.

“O seu cheiro me disse:
Vem para a felicidade.
A sua cor me agride
Da forma mais sublime.
Os seus olhos vieram
E me deixaram no puro desejo.
As suas mãos me sufocam
De amor sem fim.
Os seus lábios sussurram
Que o seu mel é mero doce do céu.”

Minha flor Dama-da-noite
Me enlouquece com a sua beleza que entontece
E logo acontece a magia
O seu cheiro me esvairia
E eu fico tonto em meio ao amor
Que mais parece um sonho.

Sou assim me apaixono pela flor sem dono.

(Melina Murano) 

segunda-feira, 17 de outubro de 2011

Existia um Hoje, um Amanhã e uma Esperança...



Existia um Hoje, um Amanhã e uma Esperança.
Viviam da Felicidade da União.

Mas o Amanhã não quis esperar o Hoje.
O Hoje falou que a Esperança demorava muito.
A Esperança disse que não tinha pressa para a Felicidade.

E logo o Amanhã se apressou e foi embora.
O Hoje morreu aqui!

E a Esperança continua
A colher as migalhas da Felicidade
Para viver um dia
A sua União
Na mais perfeita simplicidade.

(Melina Murano)

terça-feira, 11 de outubro de 2011

Ah Vida...

Vida se perde vida
Vida se acha vida
Vida, cadê vida?
Só há vida
Ah vida!

  

 
Das longes casas
Das vidas passadas 
Cada uma com sua graça.
  As vidas vão 
E perdem as mãos
Se acham os braços
Das coisas sem laços.



 
Ah vida
Sem nexo.
Só vejo o complexo
 Das coisas difíceis
Daquilo que não posso, 
Que não me entra.




 Ah vida!
  Voam os pássaros
      Para o norte do amor
         E partem para sempre
             E levam o rancor
        Dessas casas sem vida
    Viajam para longe,
Para que haja vida.



 
Ah vida! 
Sou eu com a vida 
Suspirando eternamente 
Naquela casinha sem vida,
Entre milhares amontoadas, 
Pelo entardecer do horizonte sem graça.



Ah Vida!!

(Melina Murano)



sexta-feira, 7 de outubro de 2011

Não vale a pena




De todas as coisas que me foram dadas
Eu sempre escolhi o que não vale a pena.
Se foi por burrice ou por teimosia
Se foi por alegria ou por melancolia
Eu queria o mais fácil, eu queria o caminho curto.

Se me foi dado eu joguei fora
Se eu lutei foi em vão
Se era meu eu perdi.

Sorrisos tortos
Olhares fúnebres
Pensamentos soltos
Voz que não fala
Atitude que não marca,
Tudo isso,
Não vale a pena.

Uma vontade tremenda pelas coisas que não posso.
Ganho ou perco. Tanto faz, não vale a pena.
Aquele coração dos avessos
Aquele amor que triscou
Aquela vontade que passou,
Não vale a pena.
São sonhos mortos.

Não corra atrás do defunto
Deixe que ele levante e venha até você
Pois os mortos sentem a sua ausência
E no âmago da terra procuram o seu ar.
E mesmo mortos do passado eles voltam a te amar no presente.
E logo você percebe que não vale a pena lutar pelo esquecido
Pois um dia o lembrado será você.

(Melina Murano)