segunda-feira, 29 de agosto de 2011

O adeus



Sinto um vazio no peito
É aquele medo.
Quero  sair correndo.
Os meus olhos estão fervendo.

 Não queria que esse momento existisse
Queria a eternidade ao seu lado
Mas os nossos caminhos estão trocados.
E eu não posso chorar
Pois do seu sorriso eu quero lembrar

Aquele último olhar
Aquele último tocar
Aquele último falar
Aquele último palpitar
Marcam  a hora da minha amargura.
Marcam a eterna lembrança…

Sigo com as malas nas mãos
Mas no meu coração carrego
o eterno instante do adeus indigesto. 

(Melina Murano)

Quimeras de outra vida




Sonhos do meu quarto,
Me digam qual a luz existente
Além das janelas da minha prisão?

Surtos de um coração velho,
Me diz o há de belo,
Guardado naquele porão empoeirado,
Em que eu aprisionei os meus desejos mofados?

Supostos espectros rondam.
Vasculham as minhas lembranças.
Queimam na melancolia
Da minha vida vazia.


Quimeras de outra vida
Mergulharam –me na mais pura mentira.
Que quando eu era menina
Diziam que era vaidade minha
E brincavam com a minha ingenuidade.


Corações mortos!
Todos engavetados.
Esquecidos pelos entes queridos.
Mas por mim foram guardados
E lembrados de uma forma dolorosa
Por terem despojado da minha ingênua sabedoria
E me enganado da forma mais sombria.


Todos voltam um dia,
Todos partem pior do que me deixaram outrora.
A minha prisão
É a liberdade da minha sabedoria
Que morreu em uma tarde de agressão.

E hoje eu não esqueço
E não lhe dou o perdão.
Mas aprendi a sorrir com deboche
Para você que duvidou da minha ingênua sorte.

(Melina Murano)

terça-feira, 23 de agosto de 2011

Suspiros





Suspiros para um amor
Que desabrochou

Suspiros para um amor
Que desalinhou

Suspiros para um amor
Que fugiu

Suspiros para um amor
Que dobrou

Suspiros para um amor
Que voltou

Suspiros para um amor
Que marcou

Suspiros para aquele sentimento lindo
Que se esconde por trás de um sorriso tímido

Somando todos os suspiros
Não chegam perto do que já suspirei por ti

Eternamente … Suspiros…

Esses suspiros de coraçao carente
São um modo diferente
De dizer que te amo erroneamente

E os meus erros
São os versos
De um poema belo

Pois é errando
Que encontro o meu castelo.

(Melina Murano)

quinta-feira, 18 de agosto de 2011

O Cego


Nas  noites de solidão
Eu procuro pelo Cego da escuridão.
Que eu encontrei perdido
Em um pesadelo sem sentido.

Ele me falava das coisas da vida,
Mas não essas que eu vejo
E sim as que eu sinto e temo.

Explicava-me que de tantos desencontros
Se tornou Cego por opção,
Estava cansado o seu coração.
Assim Ele não via mais a injustiça
Mas ainda sentia toda a mentira
Que habitava no seu mundo, e no meu mundo também.

E naquele pesadelo tristonho
Eu sentia um arrepio medonho.
E o Cego me disse que isso
Era só o meu coração
Dizendo pra razão
Que estou ficando cega também.

Agora eu enxergo é com o coração
E me preparo para a grande evolução:
Serei sonho que tenta viver na realidade.
Isso não me trará a felicidade
Mas ajuda a mudar a minha face.

(Melina Murano)

quinta-feira, 11 de agosto de 2011

Desvantagem?




A grande desvantagem da minha vida
É ter nascido nessa classe desfavorecida.
Fui sempre mais uma gota d’agua no oceano
Aquele pingo de chuva insano
Aquela vida que nasceu por engano…

Sempre presa em um futuro indiferente.
O meu destino é desumano.
E ainda tenho que ficar contente
Com todas essas migalhas aparente
Que eu recebo da sociedade mundana.

Mas nada disso me engana
Todo mundo gosta mesmo é de grana.
E por isso todos correm para o lado contrário
Eu sigo o inverso sem comentário.

Todos querem  um horário para chegar.
Eu quero uma hora para me perder
Alguém para poder falecer
Quero poder morrer só também.

Quero ouvir as vozes do além
Dizendo que eu fui com desdém
E me glorificam por eu ter ido sem dar amém
A essa vida desmerecida,
não por mim, mas por milhares de outros iguais…

Mas cá estou.
Sem opção eu vou vivendo
As amarguras desse destino horrendo.

Toda essa indiferença  profana
Me fez ficar rica por engano.
Rica do avesso.
Sem dinheiro aparente.
Mas vivo com a realidade
Na minha face
Sem disfarce.
Andamos juntas,
Ela me persegue
Eu a observo
Mas não a quero
Ela tampouco me deseja
Vivemos em um jogo de interesses desinteressantes.

Assim é a realidade
Ela não tem face
Mas Todas as faces são sua
Ela não quer nenhuma
Logo se desinteressa
E alguém fica na amargura.

(Melina Murano)