quarta-feira, 27 de julho de 2011

Não tenho tempo, não tenho




Vou,  volto
Pego, olho, devolvo
Não olho
Quero, não quero
A vida é um jogo de instante

Quer a felicidade moça?
Não tenho tempo, não tenho.
É o ônibus e eu saio correndo.

Subo, pago
Não sento, não paro
Não quero isso. Mas só tenho isso
Vai, vai
Anda, anda
Corre, corre

Vai a esperança hoje moça?
Não tenho tempo, não tenho.

Desço, corro
Olha a hora.
Olha o tempo
Não atrasa
Corre, corre

Olha a alegria moça, tá fresquinha, vai querer?
Não tenho tempo, não tenho.

Chego, entro, sento
Trabalha, trabalha
Estressa, estressa
Escuta, escuta
Não fala, não fala
Rápido, rápido
Cansa, cansa

E a saúde moça? Tá na promoção, vai querer?
Não tenho tempo , não tenho.

Termina, não termina
Amanhã tem mais
Volto
Olha o ônibus
Corre, corre
Pressa , pressa
Chegar em casa
Anda, anda
Mas tá tudo parado
Pára, Pára.
Minha mente que não pára
Não chego, não chego

Moça eu tenho o amor você quer?
Sai da minha frente.
Não tenho tempo, não tenho.

Anda, anda
Minha casa que desanda
Chego, arrumo
Cuido, Faço, lavo,
Esfrego, esfrego.
E como sempre me entrego

E a paz moça onde fica?
Não tenho tempo, não tenho

Hora de dormir
Finalmente, finalmente
Descanso merecido.
Dorme… dorme…
Para o sono eterno
É o meu cadáver no inferno.

E agora moça vai para onde?

Melina Murano

segunda-feira, 18 de julho de 2011

Aquela areia fina




Aquela areia fina
No meio de milhares iguais
Brilha querendo vida
Mas ela não se move
Vai por onde a onda a leve
A espuma a entorpece.

De onda em onda
Ela desliza tonta
Escorrega na viscosidade da vida
E um câncer ela vira.

Sozinha com a dor
Ela vai sem amor
E aos poucos enloquece
Até da vida se esquece
Prefere falecer
Do que continuar a viver.

Fechada no escuro
Esquecida do mundo
Ela se transforma
No mais louco absurdo:

Virou Pérola,
Agora brilha para o mundo.
Até esqueceram
Que um dia foi areia…

Melina Murano

quinta-feira, 14 de julho de 2011

Dentro da indiferença







Eu já devia estar acostumada
Com a grande indiferença humana.
Mas ainda me sinto assombrada
Com a grande superioridade que emana
Do seu coração
E faz eu cair no chão.

Me sinto com uma grande podridão
E clamo por um perdão
Ao seu olhar que julga
De forma obscura.

Sentindo um profundo frio
Eu entro em um coma sombrio.     
Me transformo em um vulto
Penetro no seu mundo
E vejo o vazio que mora na sua soberania:
O seu coração
         Vive de solidão.



Melina Murano