quarta-feira, 25 de maio de 2011

Trabalho com o coração




Não sei ser fria ou indiferente
Só sei ser quente.
E pulso sempre com a empolgação
Como se fosse a última,
Ou a primeira vez,
Que me deste um beijo de desgosto.

Mas os meus lábios fervilham
Diante dos seus lábios de defunto.
E de longe se sente
A quentura que transmite
Os meus lábios Vivos.

Empolgo-te
Envolvo-te
Sugo-te
Beijo-te

E os seus lábios mortos
Agora são grandes vulcões curvos
E caem na minha boca
Que pulsa com o coração.

Imediatamente te dou vida
Com um simples sorriso de menina.

(Melina Murano)

sexta-feira, 20 de maio de 2011

Gemidos de uma noite...



Origem:

Esse poema surgiu no meio da noite. Não podia levantar para acender a luz, meus pés não alcançavam o chão, eu já não podia mais nada. Então toquei a campainha, a enfermeira veio e eu pedi a ela uma caneta e um papel. Ela me trouxe um lápis com a ponta quebrada e um papel rabiscado. E foi assim que eu escrevi em meio ao quarto escuro.



Ouço gemidos

Não tenho força nem pensamentos
Vivo em meio ao tormento.
Quero partir
Seguir sem desistir
Não sei para onde e nem para que
Mas vou andando.
Em pensamentos vou soprando o meu destino.

O soldado me aguarda para a guerra
A guerra não continua sem mim
Em mim vive a guerra
Eu sou a guerra.

Não sou mais amor
Sou só destruição de mim mesma.

Vou arrastando pela noite as minhas correntes.
Me olho no espelho e não vejo nada.
A minha imagem sumiu
Só escuto uma voz
São os gemidos
Que estão perto dos sentidos
Descubro então que são meus
E meus serão eternamente…

Diante da luz escura
Nada se vê
Só se sente.

(Melina Murano)

sexta-feira, 6 de maio de 2011

A minha alma




A minha alma vaga pelo mundo
Diante de um presente sujo
Querendo explicação
Para a vida de imitação.

Sentinelas guardam o meu coração
E escondem do exterior
O horror que habita no meu interior.

Falso aspecto belo
Não mostra o meu espectro
Que rasteja no limbo
Esperando o segundo juízo.

Seguindo por um caminho impreciso
Eu vejo um grande sinistro
Então eu suspiro para um último delírio:
- Quero a libertação do meu coração!
E ele me diz com grande aflição
Que as sentinelas apenas guardam
A minha própria solidão.

(Melina Murano)